RIO DE JANEIRO (AP) – Poucos brasileiros podem afirmar que dominam tanto o seu campo, e com uma idade tão jovem, quanto o carnavalesco Leandro Vieira, de 39 anos.
Vieira tornou-se um dos líderes mais condecorados na competição anual de espetáculos do Rio de Janeiro. Este ano, como carnavalesco de uma escola de samba que não vence há mais de duas décadas, ele pode consolidar seu nome como um dos maiores desde o início das festividades, há quase 100 anos.
O Rio é o principal desfile de carnaval do país, e os competidores competem por prêmios em dinheiro, prestígio e fandom.
O trabalho de Vieira inclui ajudar a escolher o tema de sua escola de samba do ano, seus materiais de figurino e quem estará no topo dos shows do Majestic. No final, ele decidiu como sua escola gastaria cerca de R$ 10 milhões (quase R$ 2 milhões).
O status de Vieira como artista – e sua fama de festeiro – estendeu-se além do Rio, e ele alcançou o tipo de celebridade que um diretor de cinema poderia conquistar. Recentemente, ele foi entrevistado no Roda Viva, tradicional programa da televisão pública que costuma ser ouvido pelos brasileiros mais respeitados.
É um item básico não apenas nas competições oficiais dos desfiles de carnaval, mas também nas festas não oficiais da cidade nesta época do ano.
“Não posso só trabalhar, preciso sentir o carnaval na rua para ser feliz”, disse Vieira em entrevista à Associated Press. “Mesmo depois que a pandemia nos fez sofrer tanto, nos fez ficar em casa em 2021.”
O cargo de Vieira é Carnavalesco.
Fê-lo pela Mangueira, escola de samba de maior prestígio do Brasil, onde conquistou títulos de exibição em 2016 e 2019. Mais tarde, conquistou dois troféus na segunda divisão, o que o tornou uma das escolas de maior sucesso nos últimos anos.
Este ano é Carnavalesco para a recém-rebaixada Imperatriz Leopoldinense – em homenagem à ex-Imperatriz do Brasil – onde eles esperam conquistar o primeiro troféu da escola desde 2001.
Vieira diz que não pretende apenas chocar ou emocionar o público, mas fazer declarações ponderadas.
“Não sou um carnavalesco de surpresas. Não sou um cara de óculos”, disse Vieira na entrevista, ao mesmo tempo em que trabalhava no equipamento de rádio de seu grupo que usará para se comunicar durante o desfile.
Seu show escolar este ano enfocou a vida do bandido dos anos 1920 e 1930 Virgolino Ferreira da Silva, conhecido pelos brasileiros como Lambio. Vieira diz que escolhe seus temas com um lema em mente: “É a história que a história oficial não conta”.
Por exemplo, Lampião não foi apenas retratado pela escola de samba como um criminoso cruel, mas também como um homem corajoso que conquistou o respeito de muitos de seus compatriotas brasileiros.
Antes do desfile deste ano, Vieira caminhou entre os artistas consertando figurinos e ajustando detalhes com um sorriso no rosto. Ele garantiu que todos os integrantes fizessem sua parte para cantar a música deste ano – um detalhe que pode fazer toda a diferença com os jurados sentados na plateia do Sambódromo carioca.
A principal escolha da Imperatriz Leopoldinense neste ano foi para ser nomeada Rainha da Bateria – cargo tradicionalmente atribuído pela escola a celebridades e modelos. No ano passado foi a cantora pop Izza.
Desta vez, ele ajudou Vieira a acenar para uma estudante de comunicação e dançarina de 21 anos chamada María Maria, que é de uma favela de baixa renda no Rio. Ela foi coroada em uma emocionante cerimônia em dezembro passado na sede da Escola de Samba com um capacete desenhado por Vieira.
“Leandro é uma grande inspiração para todos nós. Isso nos mostra que podemos ser os melhores em qualquer área que amamos”, disse Maria na terça-feira, enquanto vestia uma fantasia de diabo que provoca o personagem de Lambio.
Vieira leva muito a sério seu papel no desfile de carnaval, mas diz que participar das festas de rua do feriado é igualmente importante para ele. No início da semana, ele se juntou a uma festa de rua da Prata Preta vestido como a cantora brasileira Gal Costa, que faleceu no ano passado.
“O espírito da festa está na rua”, disse ele.