Por Andreas Ringe e Sarah Marsh
BERLIM (Reuters) – O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarca em Berlim no domingo para as primeiras negociações governamentais entre Brasil e Alemanha em oito anos, enquanto a América Latina e as maiores economias da Europa buscam renovar os laços.
Lula voou ao redor do mundo desde que voltou ao cargo em janeiro, tentando restaurar a posição do Brasil no cenário mundial após anos de isolamento diplomático sob seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro.
Ele deverá jantar com o também chanceler alemão de esquerda, Olaf Scholz, no domingo, antes da consulta de segunda-feira.
Poucas semanas após a posse de Lula, Schalz tornou-se o primeiro líder estrangeiro a visitar o Brasil.
Desde que assumiu o cargo, no final de 2021, a chanceler alemã tem procurado melhorar as relações com o Sul global. A Alemanha vê o Brasil como um parceiro fundamental nos esforços para diversificar o seu comércio, em parte para reduzir a dependência da China e colmatar a lacuna em mão-de-obra qualificada.
Ambos os países estão a pressionar por um acordo comercial rápido entre a União Europeia e o principal bloco comercial da América do Sul, o Mercosul, que o Brasil preside atualmente.
“Apoiamos e lutamos por este acordo e queremos que seja concluído rapidamente”, disse um porta-voz do Ministério da Economia alemão na sexta-feira.
Um acordo comercial foi acordado em princípio em 2019, após duas décadas, mas compromissos ambientais adicionais exigidos pela UE levaram o Brasil e a Argentina a procurar novas concessões para negociações prolongadas.
“Os acordos de comércio livre abrem o acesso a novos mercados e a economia alemã orientada para as exportações pode beneficiar em particular”, disse o deputado Lucas Köhler dos Democratas Livres (FDP), o parceiro júnior na coligação tripartida de Scholes.
As exportações alemãs para o Brasil cresceram 38% nos últimos dez anos, enquanto as exportações chinesas para o Brasil cresceram apenas 38% e 87%, respectivamente, de acordo com o Comitê Latino-Americano de Negócios Alemães.
Scholes espera evitar uma situação em janeiro em que sua visita ao Brasil fosse ofuscada por divergências sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Desta vez, a conferência de imprensa de segunda-feira à tarde poderá destacar as suas diferenças na guerra Israel-Hamas.
No mês passado, Lula disse que Israel estava cometendo “terrorismo” contra os palestinos “sem levar em conta que as crianças não estão em guerra, as mulheres não estão em guerra”. Em vez disso, Sholes evitou tais críticas e continuou a apoiar o “direito à autodefesa” de Israel. (Reportagem de Andreas Ringe e Sarah Marsh; edição de Toby Chopra)