O ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro enfrenta uma proibição de oito anos de concorrer a um cargo a partir de quinta-feira, quando o principal tribunal eleitoral do Brasil o julga por acusações decorrentes de ataques ao sistema de votação do país.
O caso perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decorre de uma reunião televisionada de julho de 2022 com diplomatas estrangeiros – em meio a uma campanha de reeleição fracassada – na qual ele fez acusações não documentadas contra o sistema de votação eletrônica do Brasil. .
Sete juízes do TSE devem dar seu veredicto sobre acusações de que o ex-presidente abusou de seu cargo e abusou da mídia estatal ao realizar uma reunião no palácio presidencial com a presença de representantes da União Europeia, França, Espanha e outros países. Transmitido ao vivo na televisão pública.
Especialistas dizem que é quase certo que o tribunal condene Bolsonaro, 68, que perdeu a eleição de outubro de 2022 para o veterano esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva e agora perderá o direito de concorrer na próxima eleição presidencial em 2026.
“O único ponto de interrogação é quantos (juízes) decidirão contra ele”, disse uma fonte judicial à AFP.
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Bolsonaro, que acompanhou Lula durante toda a corrida após um ataque a supostas falhas de segurança nas urnas eletrônicas que o Brasil usa desde 1996, realizou um comício no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.
Apoiado por uma apresentação em PowerPoint – mas sem evidências concretas – ele passou quase uma hora apresentando seu caso aos diplomatas reunidos, dizendo que queria “corrigir as falhas” no sistema para garantir a “transparência” das eleições.
“Ainda temos tempo para resolver o problema com a ajuda das Forças Armadas”, afirmou.
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Advogados reclamaram, acusando Bolsonaro de violar as leis eleitorais justas. Eles pediram ao TSE que impedisse que ele e seu companheiro de chapa, o general da reserva do Exército Walter Braga Neto, concorressem por oito anos.
As acusações de Bolsonaro voltaram à tona em 8 de janeiro, quando seus apoiadores se revoltaram no palácio presidencial, no Supremo Tribunal Federal e no Congresso uma semana após a posse de Lula, insistindo que as eleições foram fraudadas e pedindo intervenção militar.
Uma condenação de Bolsonaro pode fragmentar a extrema-direita, uma força poderosa na política brasileira.
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Bolsonaro perdeu a segunda eleição por 1,8 ponto percentual, e os conservadores agora dominam o Congresso.
Mas se deixado de lado em 2026, o chamado “Trump Tropical” não terá um sucessor óbvio.
“Existe um perigo real de divisão entre os campos de direita e de extrema-direita”, disse Leandro Consentino, analista político do Instituto Insper em São Paulo.
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Mas Bolsonaro poderia usar uma sentença para se retratar como um “mártir”, disse ele.
“Bolsonaro tentará manter sua linha dura se apresentando como vítima de perseguição política”, disse.
“Ele será um trunfo fundamental para atrair votos para quem acabar sendo o candidato (de direita)”.
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Bolsonaro já começou a se posicionar antes do veredicto.
“Ninguém vai mudar a forma como operamos”, disse ele na semana passada.
“Aconteça o que acontecer, estamos orgulhosamente nos preparando para buscar alternativas.”
É apenas uma de uma longa lista de dores de cabeça jurídicas para Bolsonaro.
Ele também enfrenta cinco audiências na Suprema Corte, incluindo uma por incitar o ataque de 8 de janeiro.
Enquanto isso, a polícia central está investigando as alegações de que um assessor do cético Bolsonaro falsificou um certificado de imunização Covid-19 e tentou importar ilegalmente US$ 3,2 milhões em joias com diamantes que o ex-presidente havia presenteado à primeira-dama da Arábia Saudita, Michelle Bolsonaro. 2021.
Fontes disseram que o caso do TSE pode ser estendido por mais duas sessões nos dias 27 e 29 de junho e possivelmente além.
Bolsonaro pode recorrer se for condenado.
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