Estão a surgir algumas notícias chocantes, que lembram a Guerra Fria e, antes disso, a popularidade do militarismo e do fascismo. O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi acusado de planejar um golpe militar com chefes do exército, anunciaram altos funcionários do governo.
O Supremo Tribunal do Brasil divulgou documentos detalhando planos de intervenção militar, juntamente com altos funcionários da polícia. Casas de oficiais militares de extrema direita foram invadidas e pelo menos três pessoas foram presas.
Bolsonaro recebeu ordem de entregar seu passaporte e obedeceu, apesar de negar qualquer conspiração.
O plano foi criado entre 2019 e 2022 durante o governo de extrema direita de Bolsonaro. O foco principal foi tentar influenciar a votação. Na eleição de 2022, aliás, o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva – conhecido como “Lula” – venceu.
Lula da Silva recebeu grande parte do crédito pelo crescimento económico durante a sua presidência de 2003 a 2011. Depois de liderar o Partido Socialista dos Trabalhadores à vitória, provou ser hábil em favorecer o investimento de capital, nomeadamente na construção das suas duas reformas de mercado imediatas. Pioneiro.
Mas durante o seu mandato como chefe do Executivo, e desde então, ele e a sua sucessora, a Presidente Dilma Rousseff, estiveram envolvidos em acusações de corrupção e processos judiciais.
No final de julho de 2016, Lula da Silva foi formalmente acusado de corrupção por um juiz federal, acusado de obstrução à justiça relacionada com a petrolífera nacional Petrobras. As acusações contra Lula e outros teriam desviado bilhões de dólares para uso político e pessoal.
Em 2017, foi condenado num caso de lavagem de dinheiro e corrupção e sentenciado à prisão perpétua. Depois, numa reviravolta, o Supremo Tribunal ordenou a sua libertação e, por fim, anulou todas as acusações que citavam negligência judicial. Isso lhe permitiu concorrer à presidência.
Desafios jurídicos surgiram durante a grave recessão económica. Isto seguiu-se a desenvolvimentos significativos durante a presidência de Lula, um regime particularmente não socialista e não ideológico.
Um problema relacionado é o assédio da mídia por motivos políticos. Em 2012, a Associação Nacional de Jornais do Brasil anunciou que os jornais membros foram instruídos a proibir o Google de usar seu conteúdo. CEO do Google, Fabio José Silva Coelho, preso no Brasil Um incidente semelhante ocorreu no sul do estado de Santa Catarina.
Anos depois disso, o Facebook sofreu pressão judicial. O vice-presidente da América Latina, Diego Tzoton, foi preso por 24 horas.
As instituições conseguiram mitigar e desviar parte deste assédio punitivo, mas os problemas persistem. No início de 2023, multidões de apoiantes de Bolsonaro, irritados com a derrota eleitoral, atacaram jornalistas.
O Brasil esteve sob regime militar de 1964 a 1985. As leis daquela época facilitam a recente intervenção governamental, de forma relevante mas persistente, nos meios de comunicação social.
O governo militar ocorreu durante a Guerra Fria. Os líderes das forças armadas, alarmados com o que foram considerados políticas radicais, acabaram com o governo representativo. As autoridades derrubaram a administração democraticamente eleita do presidente João Goulart, alimentando temores de uma tomada comunista do Brasil.
A administração norte-americana do presidente Lyndon Johnson promoveu o golpe. Como é sabido, tais intervenções nos assuntos internos dos países latino-americanos têm uma longa história. O fim da Guerra Fria tornou tal comportamento menos defensável ou aconselhável.
A evolução actual deve ser vista neste contexto. Independentemente das consequências dos escândalos de corrupção passados ou das atuais alegações de tomada de poder militar, até agora o procedimento ordenado e o Estado de direito têm sido respeitados.
Isto representa uma grande melhoria em relação à situação relativamente recente no Brasil.