Sergio Moro já foi uma das figuras públicas mais famosas do Brasil. Sendo o rosto de uma repressão pan-latino-americana à corrupção, o antigo juiz é reverenciado pela direita do país por enfrentar um sistema político corrupto atormentado por uma cultura de impunidade.
Mas, mais de seis anos desde o auge da investigação, a estrela de Morrow caiu vertiginosamente, com a sua posição minada por um cenário político em mudança, má conduta e uma série de erros de julgamento.
O homem que já foi retratado como um super-homem de peito largo em comícios de direita e visto como um candidato presidencial, agora é uma figura cada vez mais isolada e com poucos aliados políticos. Nas próximas semanas, ele enfrentará a perspectiva de perder sua cadeira no Senado por causa de encargos financeiros de campanha, bem como um inquérito da Suprema Corte sobre sua conduta. Lava JatoOu uma lavagem de carro, estudo.
Uma condenação neste último caso poderia impedi-lo de concorrer a um cargo público, dizem analistas, marcando um fim abrupto na carreira política de um homem que supervisionou a condenação e quase dois anos de prisão de Luis Inácio Lula da Silva como juiz federal em 2017. . , um líder de esquerda que regressou à presidência para um terceiro mandato no ano passado.
“É importante entender que não se trata de Lula ou de um partido ou de outro político – quase todos os políticos são contra Moro”, disse Camila Rocha de Oliveira, cientista política do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. “Ele está isolado na comunidade jurídica e nos tribunais, por isso está numa posição muito ruim.”
Morrow defende sua inocência e seu comportamento. Ele acredita que as diversas investigações que enfrenta têm motivação política – uma vingança por seu papel no processo contra Lula e outros políticos durante a investigação da lavagem de carros.
“[Lula’s party] Colaborar com políticos oportunistas para retaliar o trabalho realizado durante a investigação da lavagem de carros, procurando revogar o meu mandato sem justificação legal e retirar a voz da oposição”, disse Morrow ao Financial Times. “O governo Lula abandonou o combate à corrupção como era esperado”.
Moro, 51 anos, ganhou destaque há uma década como juiz supervisionando um julgamento de lavagem de carros no estado do Paraná, no sul do país. A investigação revelou um vasto esquema de contratos de propina envolvendo o grupo estatal de energia Petrobras, um cartel de empresas de construção e dezenas de legisladores de todo o espectro político.
O Departamento do Tesouro dos EUA classificou-o como o maior caso de suborno estrangeiro da história. Bilhões de dólares foram eventualmente recuperados e sentenças totalizando mais de 2.200 anos foram concedidas a 165 brasileiros proeminentes, embora apenas uma fração desses anos tenha sido efetivamente cumprida.
Num dos seus atos finais, Lula, que foi presidente entre 2003 e 2010, foi implicado num caso de corrupção jurídica que resultou em quase dois anos de prisão.
No auge de sua popularidade, Moro foi nomeado ministro da Justiça pelo presidente de extrema direita Jair Bolsonaro em 2019 e ainda estava no caminho certo para o cargo mais alto.
Então as coisas começaram a desmoronar. Vazamentos de seu tempo liderando a investigação de corrupção pareciam mostrar que ele conspirou com os promotores e compartilhou informações. O Supremo Tribunal decidiu que a decisão de Lula foi tendenciosa. A condenação do líder de esquerda foi anulada em 2021, inicialmente devido a questões jurisdicionais, depois o caso foi totalmente arquivado devido aos prazos.
Moro saiu em favor da direita brasileira. Após mais de um ano de mandato como ministro da Justiça, ele renunciou em meio a um embate com Bolsonaro por suposta interferência do então presidente nas investigações policiais.
Moro foi eleito senador pelo Paraná no final de 2022, mas desde então tem sido atormentado pela falta de aliados políticos e divisões dentro de seu partido União Brasileira. Com o retorno de Lula à presidência nas mesmas eleições, seu Partido dos Trabalhadores (PT) logo começou a aumentar a pressão sobre Moro.
Alguns na esquerda reconhecem o parasitismo revelado durante a investigação da lavagem de carros, culpando, em vez disso, Moro pelos custos económicos que as suas investigações causaram a algumas das maiores empresas do Brasil. Eles também dizem que a investigação é uma manobra da direita para tomar o poder.
“[Moro] alimentou a criminalização da política e destruiu instituições e empregos”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffman, no ano passado. “Agora o ex-juiz deve responder por isso”.
Um tribunal eleitoral regional, atendendo a reclamações do PT e do Partido Liberal de Bolsonaro, decidirá no próximo mês se Moro violou as regras de financiamento de campanha enquanto preparava sua candidatura ao Senado. Se comprovado e confirmado, Morrow poderá perder seu mandato e ser impedido de concorrer a um cargo público por oito anos.
O Supremo Tribunal também ouvirá um caso contra o ex-juiz depois que o ex-advogado do PT e ex-alvo do julgamento da lavagem de carros, o juiz Diaz Toffoli, abriu uma investigação para saber se Moro cometeu fraude como parte de acordos judiciais durante o julgamento. . Se for condenado, Moro poderá ser banido da política, dizem analistas.
O caso segue uma decisão separada no ano passado, quando Toffoli suprimiu unilateralmente uma grande quantidade de provas obtidas durante a investigação da lavagem de carros, dizendo que os investigadores “desconsideraram o devido processo legal e agiram com preconceito”.
Analistas políticos atribuem o sofrimento de Moreau a uma combinação de sua má conduta enquanto juiz e às exigências de vingança de seus inimigos.
“O caso de Moreau contém ambos. Há um fato que [during car wash] Ele tomou medidas inaceitáveis. Mas também podemos inferir um certo nível de vingança. O vento político mudou”, disse Bruna Santos, diretora do Instituto Brasil do Wilson Center, um think tank dos EUA.
Morrow prometeu combater os processos, mas seus dias sob os holofotes políticos parecem contados.
“Não gosto muito dele”, disse Valdemar Costa Neto, líder do Partido Liberal. “Mas não há como escapar disso.”
Reportagem adicional de Beatrice Langella