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Lições regulatórias dos mercados em desenvolvimento

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Lições regulatórias dos mercados em desenvolvimento

Em agosto de 2021, o Congresso Brasileiro aprovou a criação de ações com direito a voto no Brasil. Durante esse período, os legisladores implementaram salvaguardas significativas para resolver os desequilíbrios de poder e as peculiaridades do mercado local.

Três anos depois, esta experiência regulatória surge como um estudo de caso relevante numa altura em que outros países, particularmente na Europa, estão a debater se devem adoptar tal modelo.

Fabio Coelho, Associação Brasileira de Investidores Institucionais

Controversamente, as ações com super direito de voto ou de classe dupla (DCS) conferem aos acionistas que as detêm direitos de voto adicionais. Assim, vão contra o célebre princípio de governação “uma acção, um voto”, que materializa a ideia de que os direitos dos accionistas devem ser proporcionais ao capital investido numa empresa.

Desde que a Google (agora Alphabet) adoptou esta estrutura no seu IPO de 2004, as start-ups tecnológicas e os investidores tornaram-se particularmente interessados ​​em acções de classe dupla. O seu apelo reside em permitir que as empresas tenham acesso aos mercados de capitais (e permitir que os investidores lucrem), garantindo ao mesmo tempo que o controlo permanece nas mãos dos fundadores e do pessoal-chave da empresa.

Do ponto de vista empresarial, à medida que as startups aprendem a dinâmica dos mercados de capitais, preservar a independência dos fundadores permite-lhes tomar decisões de negócios inteligentes, proporcionando uma visão de longo prazo, livre das exigências do conselho de administração e dos acionistas.

Por outras palavras, as ações com direito a voto ajudam as empresas a adaptar-se – e os períodos de adaptação não duram para sempre.

À medida que mais empresas optam por aceitar ações com direito a voto para os seus IPOs, as bolsas de valores de todo o mundo têm sentido pressão para serem mais flexíveis nas suas regras de listagem.

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A tendência, que começou na Ásia em 2018, se espalhou pelo Brasil e agora está voltando para a Europa. A Alemanha permitiu recentemente um sistema de ações de duas classes e o Reino Unido está a explorar uma maior flexibilização das regras para listagens de duas classes.

proteções

Em todos estes mercados, o mesmo argumento tem sido utilizado contra títulos fortes – nomeadamente, que as ações com direito a voto são menos atrativas para os fundadores, impedindo assim o mercado local de receber mais IPOs.

Ou não?

O Brasil oferece um estudo de caso interessante. Sendo um mercado em desenvolvimento com poucas empresas e muitos acionistas controladores, o mercado brasileiro enfrenta um histórico de conflitos corporativos.

Considerando a realidade local, os legisladores incluíram as seguintes salvaguardas:

  • As empresas estão proibidas de adotar uma estrutura acionária de dupla classe após seus IPOs
  • A proporção de votação é fixada em 1:10
  • As disposições de caducidade são válidas por sete anos. Prorrogações válidas por qualquer período poderão ser aprovadas apenas pelos acionistas minoritários
  • O poder das ações com direito a voto é restrito em relação à distribuição de dividendos e aprovação de demonstrações financeiras
  • As ações com direito a voto são imediatamente convertidas em ações ordinárias mediante transferência de propriedade
  • Os acionistas que não concordarem com as ações de classe dupla poderão retirar suas ações pelo valor devido.
  • Empresas com estrutura acionária de dupla classe não são aceitas no Novo Mercado, segmento de listagem premium do Brasil

Os críticos dessa abordagem apontam que nenhuma empresa no Brasil adotou ações com direito a voto devido à impossibilidade de transferência de ações, ao curto período para cláusulas de caducidade e aos direitos de voto limitados por ação.

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Isto levou a apelos para flexibilizar uma lei cujos efeitos ainda não podemos medir – não porque os fundadores rejeitaram as ações brasileiras com direito a voto, mas porque não houve IPOs no Brasil desde 2021.

Além disso, uma análise cuidadosa mostra que a legislação brasileira é paralela às experiências internacionais, que não se limitam aos Estados Unidos.

Por exemplo, no Reino Unido, as regras de caducidade são acionadas após cinco anos e a Alemanha adota a mesma proporção de votação de 1:10. Os fundadores detêm a mesma proporção das ações Classe B em circulação da Alphabet.

A literatura também mostra que as empresas com ações de classe dupla tendem a perder valor seis a nove anos após o seu IPO, apoiando assim a necessidade de regras de caducidade.

Mesmo nos EUA, os investidores institucionais têm pressionado por uma legislação semelhante contra as acções “perpétuas” com direito a voto, que muitos consideram um voto de confiança irrestrito não só no fundador, mas também nos seus herdeiros.

Uma regra prática na política monetária é que um instrumento não pode resolver mais do que um problema económico.

No nosso contexto, as ações com direito a voto não devem ser a única característica atrativa do mercado. Por exemplo, o mercado dos EUA é notável pela sua maior liquidez e por investidores experientes em tecnologia dispostos a pagar prémios mais elevados.

Essas condições, não associadas a uma estrutura acionária de duas classes, fazem de Nova York um local preferido para IPOs.

A experiência brasileira mostra que confiar apenas na flexibilidade regulatória sem abordar outros aspectos importantes não é a resposta para criar um mercado de capitais mais líquido e dinâmico.

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No entanto, esta é uma receita potencial para a escalada de disputas, contribuindo para a desconfiança nos mercados em desenvolvimento.

Fabio Coelho é presidente da Associação Brasileira de Investidores Institucionais (AMEC).

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AXS Energia recebe US$ 31,3 milhões para projetos de energia solar distribuída em todo o Brasil

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AXS Energia recebe US$ 31,3 milhões para projetos de energia solar distribuída em todo o Brasil

A AXS Energia, empresa do Grupo Roca especializada em energias renováveis, confirmou uma nova operação de longo prazo integrada no primeiro trimestre de 2024. A operação de US$ 31,3 milhões visa financiar usinas de energia solar para micro e minigeração distribuída.

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A AXS Delaware, subsidiária da AXS Energia, utilizou recursos dos grupos CIFI e Triodos para financiar o empréstimo. O financiamento apoiará a construção de 14 usinas solares com capacidade total de 39,7 MW nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. A XP Investimentos liderou o processo.

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O Grupo CIFI avaliou mais de 600 projetos de infraestrutura e participou de mais de 200 transações, totalizando mais de US$ 2 bilhões na América Latina e no Caribe.

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“Essa atividade é mais um passo importante para a AXS, que promove energia limpa e sustentável no Brasil por meio da energia solar compartilhada, ao mesmo tempo que contribui para a geração de empregos e para o desenvolvimento econômico das regiões onde as usinas atuam”, disse Eduardo Coutinho. AXS Energia.

A iniciativa está prevista para compensar mais de 40.000 toneladas de emissões de CO2 anualmente para ajudar a combater o aquecimento global. Além disso, espera-se a criação de mais de 760 empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local e beneficiando as comunidades envolvidas.

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Onde assistir Argentina x Brasil nos EUA: Liga das Nações Masculinas de Voleibol da FIVB 2024, Semana 1

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Onde assistir Argentina x Brasil nos EUA: Liga das Nações Masculinas de Voleibol da FIVB 2024, Semana 1

jogo

A Argentina enfrenta o Brasil na segunda rodada da semana 1 da Liga das Nações Masculinas de Voleibol da FIVB de 2024. Veja como, quando, onde e como assistir ou transmitir o jogo ao vivo nos EUA.

© IMAGO/PhotosportBruno Lima, da Argentina, atuou na partida de vôlei masculino contra o Brasil

Argentina enfrentando Brasil Dia 2 do torneio Liga das Nações Masculinas de Voleibol da FIVB 2024 Semana 1. Aqui você encontra todos os detalhes importantes, incluindo a data da partida, horário de início e as diversas opções de streaming disponíveis para os telespectadores nos Estados Unidos.

Dia 2 do torneio Liga das Nações Masculinas de Voleibol da FIVB 2024 A semana 1 contará com um confronto intrigante entre duas seleções sul-americanas com inícios semelhantes: ambas enfrentaram duras oposições, mas acabaram sendo derrotadas pelos respectivos rivais em quatro sets. Argentina Derrotado pelo Japão Brasil foram derrotados por Cuba.

Ambas as equipes precisam de uma vitória para superar o início um tanto desfavorável. Sem dúvida, os torcedores terão uma partida emocionante enquanto esses dois candidatos lutam pela vitória e tentam se estabelecer como candidatos à classificação para as quartas de final.

Quando é o jogo Argentina x Brasil?

Jogue no Dia 2 do torneio Liga das Nações Masculinas de Voleibol da FIVB 2024 Semana 1 entre Argentina E Brasil Será jogado Quinta-feira, 23 de maio às 20h (horário do leste dos EUA).

Jogadores do Brasil em ação contra a Argentina – IMAGO / Photosport

Argentina x Brasil: tempo por estado na América

ET: 8:00
TC: 19:00
MT: 18h00
PT: 17:00

Como assistir Argentina x Brasil nos EUA

Isso é Liga das Nações Masculinas de Voleibol da FIVB 2024 Jogo da semana 1 entre Argentina E Brasil Transmissão nos EUA: Volleyball World TV.

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Leonardo Herrera é jornalista e escritor multilíngue na Polavip US, trazendo oito anos de experiência na área. Formou-se em Jornalismo Esportivo pela Universidade Nacional de La Plata e é fluente em inglês, espanhol e português. Leonardo é especialista em uma ampla variedade de esportes, incluindo futebol, basquete, esportes de combate, tênis e esportes motorizados. Em sua função atual, ela se concentra na criação de prévias envolventes de eventos, usando suas habilidades linguísticas e amplo conhecimento esportivo para melhorar o acesso ao conteúdo para um público global.

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Gigantes do futebol brasileiro farão partida beneficente para vítimas das enchentes

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Gigantes do futebol brasileiro farão partida beneficente para vítimas das enchentes

O ex-jogador de futebol Ronaldinho se junta a outros gigantes brasileiros em uma partida beneficente para ajudar as vítimas das enchentes mortais no sul do país (FRANCK FIFE).

Uma lista de lendas do futebol brasileiro, incluindo os vencedores da Copa do Mundo Ronaldinho, Cafu e Pepeto, jogará uma partida beneficente para arrecadar dinheiro para as vítimas das enchentes devastadoras no sul do país, disseram os organizadores na quarta-feira.

A partida, marcada para domingo às 16h (19h GMT), no icônico estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, também contará com a participação do atual técnico da seleção masculina, Torival Jr., e da zagueira da seleção feminina, Tamirez.

“Levantamos a taça como campeões mundiais e agora vamos levantar a taça da unidade”, disse Cafu, que venceu as Copas do Mundo de 1994 e 2002, em comentários ao site de notícias Globo Esporte.

“Quero fazer um apelo a todos os brasileiros para que apoiem esta iniciativa de ajudar nossos irmãos do Rio Grande do Sul”, disse Dorival Jr. em vídeo divulgado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

O estado do sul do país vem sofrendo há semanas com enchentes sem precedentes que mataram mais de 160 pessoas e inundaram 90% de suas cidades, incluindo a capital do estado, Porto Alegre.

Os ingressos para a partida custarão cerca de US$ 6, e a rede de TV Globo, que co-patrocina o evento com a CBF, a Prefeitura do Rio e o popular clube de futebol Flamengo, disse que os lucros das vendas e da cobertura televisiva serão destinados a instituições de caridade que ajudam as vítimas das enchentes.

raa/mls/jhb/sms

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